Zuínglio e a Quarema

Estamos no tempo da Quaresma. Alguns protestantes têm o costume de seguir essa liturgia. Recentemente, vi um influenciador evangélico conhecido recomendando um devocional para esse período.

Para os protestantes, a Quaresma gera opiniões divididas: há os que a observam e os que a consideram um legalismo desnecessário. Ao que parece, o mesmo ocorria entre os reformadores. Os luteranos seguem a Quaresma até hoje, enquanto Zuínglio já na sua época não a considerava necessária.

A Reforma em Zurique teve origem em um debate sobre comer salsicha na Quaresma. A Igreja Católica Romana proíbe o consumo de carne nesse período. Christoph Froschauer, um impressor da cidade, preparou salsichas em sua casa para seus trabalhadores e visitantes durante a Quaresma. Zuínglio estava presente e não o condenou, apesar de não ter comido. O episódio gerou um protesto público, e Froschauer acabou preso.

Em sua defesa, Zuínglio declarou, em seu sermão Von Erkiesen und Freiheit der Speisen ("Sobre a Escolha e a Liberdade dos Alimentos"), que cada cristão é livre para decidir se deseja ou não comer carne, pois a Bíblia não proíbe seu consumo na Quaresma. Além disso, argumentou que o jejum deve ser algo voluntário, não obrigatório.

Após o ocorrido, Hugo von Hohenlandenberg, bispo de Constança, solicitou um mandato proibindo a pregação de qualquer doutrina da Reforma na Suíça. No entanto, sua tentativa de barrar o avanço da Reforma foi em vão.

Por essas e outras, temos liberdade para comer salsichas em março. Já pensaram nisso?